Desenvolvimento e Hospedagem

Uma Rotina de Caos

Acordar umas 4:30 da manhã. Olhar no computador pelo jornal que está passando no momento como será o tempo na cidade. Aproveitar a outra metade da tela e ler os comentários no Twitter.

Agora já dá pra sentar na cama e criar coragem para levantar.

Preparar um café, acordar quem ainda não acordou e revisar as mensagens no Whatsapp. Responder as solicitações de suporte. Revisar os saldos das contas e reconciliar os lançamentos nos extratos. Agora podemos começar a desenvolver as aplicações contratadas.

Bom, deveria ser assim. Mas não é. Em um home office, sempre tem um lixo para levar para fora, uma campainha para atender, um telefone que toca para outra pessoa mas que o telefone está do seu lado. Um trabalho de escola/faculdade, um recibo para o paciente da esposa. Uma encomenda que vai chegar e você vai ter que receber. Um cliente que vai passar para pegar uma outra encomenda.

E quando você tenta gravar qualquer vídeo o cachorro cisma de latir porque algum outro cachorro passou na rua ou um avião passou no céu ou a campainha do vizinho tocou. Ou passa aquela motoca com o cano rasgado gritando o desespero do mundo todo em uma única acelerada.

Normalmente o trabalho é fácil para quem já tem mais de 20 anos nessa função, mas o ambiente dificulta muito a concentração.

Então, vamos pensar: Estamos debugando um código complexo e seguindo o passo a passo da rotina programada. F10 ou F11 para o próximo passo e você observando tudo: Valores das variáveis, condicionais e decisões que foram tomadas, em qual Case o fluxo do Switch passou e para onde vai. De repente alguém pede atenção e lá se foi todo o foco, valores, situação, dados, e local onde o debug estava.

-Ah, desculpe lhe atrapalhar. Deixa para depois.

– Agora é tarde. Diga.

– Não, nada. Quando for no supermercado, compre uns salgadinhos, pode ser?

– Certo.

De volta ao começo. Lá pela linha 146, ela volta e segue:

– Aproveita e compra uns biscoitos, pão, leite e queijo fatiado.

– Ok.

Nova tentativa. Lá pela linha 237, nova interrupção. Dessa vez, da filha:

– Pai, acabaram meus absorventes. Mainha disse que você vai no supermercado. Compra pra mim?

– Manda foto da embalagem pelo Whatsapp antes que eu vá para eu não esquecer.

Onde é que eu estava? Vou reiniciar o banco de dados e testar tudo novamente para não deixar nenhuma das possibilidades passar.

– Amor, o almoço está servido.

Nesse momento, eu percebo que ainda não terminei meu primeiro método. Mas a tarde ainda está disponível para eu ser atrapalhado mais algumas milhares de vezes.